Grupo Recreativo «O Vigor da Mocidade»

93 Anos de História

Terra com “fronteiras” e história anteriores à nacionalidade, tal como Coimbra, cidade de que fazia e faz parte, S. Martinho do Bispo comemorou ontem 915 anos com tributos às gentes e instituições da freguesia. Em concreto a duas instituições – Casa dos Pobres e Vigor da Mocidade – e ao cidadão João Carvalho Ventura, uma referência de altruísmo e de dedicação a S. Martinho e Ribeira de Frades.Jorge Veloso assinalou o carácter das homenagens, que juntaram áreas importantes, como a social, desportiva, cultural e recreativa, no que respeita às duas instituições, mas também a individual, a um cidadão que abarca todas estas áreas nas ajudas que prestou «de forma abnegada». O presidente da União de Freguesias S. Martinho do Bispo/Ribeira de Frades notou «a justiça» das homenagens a quem contribui para melhorar a qualidade de vida local, manifestando a vontade de que o reconhecimento se torne uma prática com continuidade, «porque há muita gente que merece ser homenageada».
— Diário de Coimbra


O elogio dos 915 Anos ao Grupo Recreativo "O Vigor da Mocidade" e que a seguir  transcrevemos, foi prestado pelo Sr.Dr. José Manuel Ferreira da Silva:

Alcança-se hoje, com relativa facilidade a justeza da distinção e o reconhecimento do mérito, do trabalho que o Vigor da Mocidade vem desenvolvendo em favor da sua comunidade.

Não interessa aqui o futebol competitivo e desenfreado. Isso é para os Ronaldos e João Félix. Não, não é disso que se trata.

O que interessa aqui, o que interessou ao Vigor, é ser socialmente útil, é o desenvolvimento são e harmonioso do corpo e do espirito, através da actividade recreativa, cultural e desportiva.

É com este sentido que o Vigor da Mocidade interpreta a homenagem, que nas comemorações dos 915 anos da freguesia de São Martinho do Bispo lhe é prestada.

Por isso, em nome de todos aqueles, vivos ou falecidos, que de uma forma ou de outra contribuíram para o engrandecimento do Vigor, se deixa, humildemente, o nosso “Muito Obrigado!”.

Seguramente, o que V. Exªs quiseram homenagear, e muito nos honra, é afinal, o serviço para a actividade, que neste momento o Vigor da Mocidade disponibiliza a cerca de 400 jovens participantes nas vertentes de diversas modalidades desportivas, seja no futebol, na natação, na ginástica, e diga-se, modéstia á parte, com assinalável mérito, é justo referi-lo. Sem que se esqueça a intensa actividade cultural e recreativa, dos abrilhantados e característicos bailes que

envolviam também a mocidade das freguesias envolventes à nossa, os espetáculos de variedades, a projecção de cinema, teatro, dança, jogos populares de salão, etc.

Para aqui chegar, vindo do longínquo ano de 1930, de há quase 90 anos portanto, o Vigor da Mocidade, e nisso tem muito orgulho, trilhou o caminho das pedras.

É que outrora, nem sempre encontrou, como hoje, a compreensão que o dinamismo dos seus dirigentes mereciam e eram credores. Até o seu nome “Vigor da Mocidade” incomodava as instituições governamentais da ditadura e a sua organização para a juventude “A Mocidade Portuguesa”.

Tiveram então os dirigentes do Vigor, a lúcida e fértil imaginação de transformar a sua designação em “Vigor da Juventude”, só retomando mais tarde, a sua denominação original, “Vigor da Mocidade”, com a Revolução de 25 de Abril de 1974.

 

Meus Senhores;

Uma das condições essenciais para se entender a realidade em que vivemos, é conhecer o passado.

Naquele tempo, como se disse de há 90 anos, estava o lugar de FALA encravado no seio da nossa freguesia, entre as duas únicas vias de acesso à cidade; por baixo, pela estrada da farmácia ou das Parreiras, como se dizia, era a estrada nacional para a Figueira da

Foz. Por cima, pela estrada nacional do Hospital dos Covões, a estrada da Rainha Santa, como assim na altura se lhe referia.

FALA, era então um lugar relativamente isolado, o acesso a Coimbra, não o sendo pelo comboio, no apeadeiro da Espadaneira, só por ali era efectuado, normalmente de bicicleta ou a pé, pois não havia transportes colectivos e os automóveis das pessoas da terra, eram apenas 4 ou 5, pessoas mais enriquecidas.

Assim isoladas, as gentes de FALA sentiram a necessidade de um “clube”. Do seu “clube”. Valentes rapazes de então. De raparigas também, pois é bom lembrar, que logo por essa altura, conquistaram o primeiro troféu, taça que conquistaram no “jogo da pela”, frente à equipa da Bencanta, aqui ao lado.

Jovens de tempera, inauguraram no local onde se encontra hoje, a sua sede, que destruída por um incêndio, FALA terra de profissionais da construção civil, logo foi erguida de novo.

O “Clube”, tinha que ter o seu símbolo, e logo, FALA terra de bons desenhadores artísticos, criaram o seu esplendoroso emblema.

Faltava a “Bandeira”, FALA terra de vistosas e apuradas costureiras logo a bordaram, como ninguém melhor o sabia fazer.

Mas como tudo que é épico, tem de ter a sua expressão musical, para os momentos solenes foi criado o seu belo hino, e para os momentos de festa, a sua marcha “Oh meu Vigor”.

Na década de 60, irradiava e dava os primeiros passos o futebol corporativo e federado. Não havia infraestruturas desportivas. Inimaginável, porque arrojado, dedicados sócios de muito boa memória, unidos pelos esforços, compraram e arrendaram terrenos de olival, movimentaram terras, terraplanaram e iluminaram o Campo dos Sardões, que assim surgiu.

E vindo novos tempos, as exigências de prática desportiva requeria um pavilhão – o gimnodesportivo. Sem hesitações ficcionaram como percursores fossem das actuais sociedades desportivas, emitindo acções pelos sócios e simpatizantes do Vigor, com o seu produto adquiriram os respectivos terrenos, dando início à obra.

Assim foi erguido o parque desportivo do “Vigor da Mocidade”.

Chamou à atenção finalmente o mérito social do “Vigor da Mocidade”, a determinação dos seus bons dirigentes e generosos associados, as instituições públicas, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia nas últimas décadas compreenderam e passaram a olhar com o respeito devido, a bondade do “Vigor da Mocidade”.

Vigor da Mocidade, que foi crescendo como um rio, sempre sem intuitos lucrativos, antes de generosa solidariedade, fazendo da sua existência um espaço de identidade e comunhão, entre os interesses dos seus associados e da população da freguesia. Primeiro, muito

pequenino que quase o agarrávamos nas nossas mãos, depois, ao longo de um percurso sinuoso e difícil, ganhou força, rasgou margens, cresceu forte, sendo hoje socialmente muito útil, e como se disse no início, proporciona actividade física e desportiva a cerca de 400 jovens praticantes, para além da sua actividade recreativa e cultural.

E por tudo isto, o Vigor da Mocidade quer aqui louvar, perante V. Exªs, com júbilo, nesta homenagem que nos seus 915 anos a freguesia lhe presta, todos os seus dirigentes, os já falecidos e os que felizmente ainda estão entre nós, pela sua acção, um oceano de generosidade, na pessoa do seu actual Presidente, Mário Fernandes, e dos demais dedicados e esforçados directores que o acompanham.

Á Junta de Freguesia, à presente e às que a antecederam, na pessoa do seu Presidente, Sr. Jorge Veloso; à Camara Municipal, à presente e às que a antecederam, na pessoa do seu Presidente da Câmara, Sr. Dr. Manuel Machado, o Vigor da Mocidade e os seus associados estão penhoradamente gratos por tudo quanto os ajudaram.

Á Freguesia de S. Martinho do Bispo, pela comemoração dos seus 915 anos, o Vigor da Mocidade a saúda na pessoa de todos os seus habitantes e paroquianos. Muito obrigado.

 

Fala, 27 de Julho de 2019


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